Thursday, July 26, 2007

Prestação de contas

Nenhum post novo nesse blog desde janeiro. Vocês devem ter se perguntado dezenas de vezes o por que de termos deixado passar tantos acontecimentos marcantes sem fazer nenhum comentário. Sabemos que é imperdoável não termos nenhum post falando da visita do papa, nem da morte do ACM, ou ainda da falta de opção de lazer para os idosos após o fechamento dos bingos. Em condições normais jamais perderíamos essas oportunidades, mas algo muito grave aconteceu. Não queremos ser julgados, erramos e sabemos disso, e esperamos que vocês entendam.

Como todos sabem a escassez monetária é algo que faz parte do nosso dia-a-dia, mas graças a uma idéia que parecia brilhante tivemos a ilusão de que tudo mudaria. E no começo deu muito certo, ganhamos dinheiro, comemos pringles, conseguimos uma sala com um ramal só nosso e mais um monte de coisa que nos fizeram pensar "nossa, vencemos na vida". Mas isso tudo nos levou à cadeia. Sim, isso mesmo, e apesar de simpatizarmos com roupas listradas, nossa estadia lá não foi das mais agradáveis, por isso fomos obrigados a negligenciar tanto nosso querido blog. Celulares entravam fácil nas celas, mas infelizmente não conseguimos achar ninguém disposto a entrar lá com um laptop para que pudéssemos postar.

Pois bem, nossa temporada na cadeia não foi das mais memoráveis, portanto vamos ignorá-la e lembrarmos do nosso auge financeiro no mundo do crime. Tudo começou quando, ao andarmos pela rua, nos deparamos com vários cachorros, e por termos um perfil empreendedor pensamos que deveríamos usar esses bichinhos para alguma coisa. Mas o que fazer com aqueles vira-latas sujos, feios e que não seriam capazes de serem amados nem pelos vegans mais militantes? Tivemos a brilhante idéia de apelar para um público alvo que não liga pra esse lado estético fútil, aqueles únicos que podem usar óculos escuros na balada sem se passar por ridículos: os cegos! Mas como convencer um cego a comprar essas criaturas? Foi aí que apelamos para a desonestidade. Vendíamos os cães como se fossem labradores para serem usados de cão guia. Ganhamos muito dinheiro, mas depois de um tempo as coisas começaram a não dar muito certo. Alguns cegos foram usados como poste, outros foram atacados vorazmente e perderam parte da audição também, outros foram desonrados após serem guiados por uma cadela no cio. Foi ai que as autoridades policiais começaram a investigar o caso. Conseguimos escapar por alguns meses, pois foi complicado para eles fazerem um retrato falado nosso. Mas sabe-se lá como, eles conseguiram, e nosso reinado no mundo do crime acabou tragicamente. Vini e Lorena foram parar atrás das grades.

Mas enfim, tudo isso já é passado e cá estamos nós de volta, e a partir de agora esse blog será atualizado com um mínimo de freqüência pra quem sabe conseguirmos um patrocínio e não precisarmos mais apelar para a ilegalidade pra conseguir nosso sustento!

Tuesday, January 23, 2007

Um desabafo

Setembro de 1988, o pequeno Vini já tinha seus 2 anos e 7 meses, era um bebê gordo que havia sido presenteado com um irmãozinho que o tirava do posto de filho único e transferia para o de irmão mais velho. Não me lembro muito como lidei com a notícia na época, mas se isso acontecesse hoje em dia, provavelmente eu ficaria chocado ao constatar que minha mãe faz sexo.

O tempo foi passando, e como crianças saudáveis que éramos, brigávamos diariamente por todo e qualquer motivo. Por ser mais velho no começo eu levava vantagem na pancadaria, mas depois tinha que dar um jeito de convencer ele a não contar pro meu pai o que tinha acontecido, o que nem sempre era possível. Por mais que eu tentasse educá-lo sobre os males de ser um dedo-duro, ele acabava indo delatar minhas agressões . Mas eu não era tão mau assim, foi graças ao meu incentivo que meu irmão aprendeu a ler precocemente se tornando o orgulho da casa, porque se não fosse eu me gabando por entender as histórias em quadrinhos e o chamando de analfabeto o tempo todo, ele não teria a mesma motivação. Algumas vezes cheguei a ser omisso, como no dia em que ele chegou em casa carregado, aos gritos, porque tinha derrubado um peso no pé enquanto fazia capoeira, arrancando sua unha, e eu só fui ajudar meu pai e minha prima a cuidar dele depois de terminar de ver o episódio de cavaleiros do zodíaco. Pô! Essa minha falha é totalmente justificável. Ele tinha que se machucar bem na hora do meu desenho preferido?? Outras vezes posso ter dado a falsa impressão de que sua presença me incomodava, como naqueles diálogos :

ele: aee vamos sair com o pai!
Eu: ah, você vai? Então não vou.
ele: então não vou também.
Eu: ah, agora eu vou.

Hoje em dia meu irmão está com 18 anos, muito mais alto que eu, e os traços que quando crianças nos deixavam idênticos mudaram totalmente e provavelmente quem nos ver hoje em dia na rua não fala que somos irmãos, ainda mais porque se estivermos na mesma rua ao mesmo tempo vamos estar a uma distancia considerável. Enfim, sei que nunca fui um irmão muito exemplar, mas mesmo com tudo isso que acontecia nunca ficamos mais do que um dia sem nos falar, então fica difícil pra mim, estar prestes a completar 3 anos sem trocar nenhuma palavra com aquele que por mais que eu judiasse eu sempre amei e que por mais raiva que ficasse de mim, sempre relevava e tudo voltava ao normal em poucas horas. Assim, não consigo me conformar que o rumo que minha vida tomou o incomode tanto. Espero um dia conseguir falar tudo isso pessoalmente, mas fica aí o desabafo

No próximo post esse blog volta a sua programação normal.

Thursday, September 28, 2006

Pensamentos vagos

Franco da Rocha: uma cidade nacionalmente quase conhecida por causa do seu hospício, o Juqueri. Mas os que pensam que a cidade se resume a isso estão totalmente enganados. Franco city é muito mais que isso, alem do Juqueri também temos duas Febens e um presídio. E é dos parentes dos habitantes dessas casas de detenção que falaremos.

Eu, assim como todo francorrochense que não possui um carro dependo do trem pra chegar até a civilização, e sempre que utilizo seus serviços num domingo à tarde me deparo com um vagão cheio daquelas que aquecem o comércio nacional e são umas das grandes responsáveis pelo crescimento das operadoras de telefonia móvel: as esposas de presidiários. Que estão voltando junto com seus filhos para suas casas após um cansativo dia de visita. Seus filhos, crianças adoráveis, seres angelicais muito educados, me proporcionaram um maravilhoso diálogo. Dois desses anjinhos estavam discutindo como qualquer criança saudável faz, quando uma delas é xingada de alguma coisa que eu não me lembro, mas que imediatamente, após ser ofendida, retruca com toda sua inocência e doçura : "É a buceta da sua mãe". Nessa hora me veio à cabeça um drama muito maior que o dessas mulheres que tem que acordar nas primeiras horas da manhã e ir rumo aos seus amados carregadas de sacolas e filhos: o drama das funcionárias que são obrigadas a revistar a fundo aquela parte citada pela doce criança. Certa vez em uma conversa qualquer eu e uns amigos listamos as piores profissões. Mas esquecemos dessa ingrata função cujo distúrbio psicológico causado nessas agentes supera com folga todas as outras profissões que haviam sido listadas

Pois é... Um vagão com muito drama. Tanto nas várias mulheres, cada uma com sua respectiva história, quanto pra sua respectiva dúzia de filhos que são brutalmente privados da convivência paterna e são obrigados a procurar em outra pessoa uma referência masculina (geralmente acham isso em suas mães). Não podemos esquecer de falar também do meu drama, pois fui obrigado a ouvir a conversa de duas senhoras contando com detalhes suas peripécias durante a visita íntima. Socorro!!!!!!!!!!

Tuesday, August 29, 2006

O caos etílico

O etanol ou álcool etílico é um dos principais álcoois que existem. Incolor, inflamável e de odor característico. Ele é miscível em água, com a qual forma uma mistura azeotrópica, e em outros compostos orgânicos. Seu ponto de fusão é -114,1°C e seu ponto de ebulição é 78,5°C. Essa mistura quando associada a elementos inconseqüentes e um certo descontrole resulta invariavelmente em: Caos etílico!

Por sua vez o Caos etílico é um evento bem comum a grande parte da população, tendo um maior destaque e importância em um grupo específico e misterioso, o A.A - vulgo alcoólatras anônimos. Mas não falaremos deles e sim de um outro grupo, que também perdeu a identidade e não só ela. Não foram encontrados neles qualquer resquício de integridade ou auto-censura. Também se distanciam dos A.A por não fazerem terapia, afinal como é largamente sabido, chorar no ombro de desconhecidos sem curso superior em psicologia ou coisa que o valha não pode ser considerado terapia. Este vasto grupo se dedica ao consumo excessivo do álcool, principalmente nos finais de semana, mas caso ocorra uma proposta interessante não vêem problema nenhum em fazer isso no meio dela, afinal, o álcool coroa todos os momentos decisivos da vida desses seres, sejam eles felizes, tristes, deprimentes, vergonhosos, vexatórios, esquecíveis...

O caos etílico atua muitas vezes como carrasco e salvador, em uma espécie de círculo (que nos deixa tontos e com vontade de vomitar) vicioso. Porque às vezes bebemos para esquecer algo, e depois de ultrapassar limites humanos de consumo acabamos de fato esquecendo aquilo que nos atormentava, mas em contrapartida produzimos mais motivos de tormentos, vergonha e discórdia que ansiaremos por esquecer com mais um porre. Mas a grande questão são as sempre perigosas testemunhas oculares, que geralmente são pessoas as quais você quer impressionar.Você de fato as impressiona, quando mostra sem ao menos se corar que consegue lembrar todas as coreografia das canções do sensacional cd homônimo do grupo É o tchan, recebendo risos de aprovação e simpatia de todos que te rodeiam (com exceção dos seus amigos sóbrios) que parecem gostar muito da sua dança. A alegria que invade seu coração ao lembrar que você está vencendo barreiras que pareciam intransponíveis, levando a alegria do tchan para aquela comemoração (outrora desanimada) de aniversário de 11 anos de lançamento daquele cd bem menos animado, o nada rebolável “Mellon Collie and Infinite Sadness” do tal do Smashing Pumpkins!

As amizades são postas a prova, quando com toda a sutileza adquirida após uns goles você comenta sobre algum defeito ou complexo do seu amigo de forma um pouco pejorativa, inventando apelidos carinhosos. Ou então quando você mostra toda sua sensibilidade, contando algum segredo obscuro da vida dele com o nobre intuito de que aquele grupo de pessoas possa ajudar seu amigo, que a esta altura já esta bebendo pra esquecer o que acabou de acontecer com ele, e tentando listar os motivos pelos quais ele não colocou um ponto final naquela amizade. Ao se dar conta do que fez, você começa a tentar remediar a situação, declarando todo seu amor a ele ou a qualquer coisa ou objeto que você supunha que seja uma pessoa. O amor transborda do seu coração te fazendo distribuir carinho e convites para dias alegres na casa de praia da sua tia que jamais emprestaria.

Durante todo esse texto o aspecto da saúde física foi intencionalmente ignorado ao passo que um fígado pode ser transplantado com facilidade, principalmente com a modernização e avanços do mercado negro de órgãos. Portanto, nos preocupamos somente com sua saúde moral, esta que se dissolve copo após copo e faz com que sua imagem nunca mais seja a mesma diante de seus amigos, parentes, desconhecidos, autoridades locais e etc.

Agora você está alerta e deve ter entendido as razões de em uma ensolarada manhã de segunda feira, dois jovens serem acordados não pelas suas respectivas e amáveis mãezinhas e sim por um segurança de uma grande rede de hipermercados que os advertiu sobre as inconveniências de se dormir em um fraldário em condições precárias.

Ps : Mãe, nada disso é auto-biográfico, como a senhora sabe, sou careta! Bebidas blah!

Thursday, July 13, 2006

À espera de um idiota

Finalmente um texto novo nesse blog. Mas não vou falar de todas essas catastrofes que acontecem mundo a fora,ondas de violencias,desastres naturais ou fiascos esportivos. As próximas linhas serão pra narrar algo que não me rende nem ao menos piadas infames, como renderia Tsunami e afins. E pior, as vezes me faz pensar que pode render piadas pra outra pessoa, além do peculiar olhar de piedade regado a sadismo e satisfação! A seguir contarei um desastre sentimental antigo, mas que por causa uma troca de simpaticas frases hostis ficou vivo em minha memória.

Combinei com um qualquer (que por algum motivo mais qualquer ainda fez esse coração safenado se encher de esperanças) de nos encontrarmos no Metrô e milagrosamente sabe-se lá por que eu cheguei um pouco antes do horário, já me conformando em esperar um pouco. Passam-se 10 minutos e chega a hora que tínhamos combinado, mas nada dele chegar. A apreensão aumenta e fico inquieto. Um tempinho depois e o atraso já se consolida, me deixando mais ansioso, precisando conversar com alguém pra desabafar. Mas, devido ao horário, a estação estava vazia, Eis que então ouço um som que me parece acolhedor, uma voz atrás de mim diz:
“Recarregue aqui seu celular vivo pré-pago"

Procuro por quem emitiu a frase e acho aquela tímida maquina. Me aproximo então. Considerando que ela puxou assunto comigo, comecei a contar minha história, falando tudo o que eu sentia naquele momento: todas as minhas perspectivas e todos meus sonhos (que logicamente não envolviam a pessoa que eu esperava). Ela Ouvia calada e piscava, parecia que queria me animar. Parecia entender minha situação,até porque, aposto que ela já deve ter assistido diversas cenas como aquela que eu vivia naquele momento, estando ela tão estrategicamente posicionada, num lugar tão propicio a desencontros e toda sorte de infortúnios sentimentais.

Minha narrativa evoluía, quando sou interrompido por minha nova amiga dizendo:
"Recarregue aqui seu celular vivo pré pago"

Confesso que fiquei frustrado pela interrupção, mas entendi que ela precisava trabalhar e continuei a desabafar após ela terminar de falar. Como já se passavam 20 minutos do horário combinado, perguntei se podia praguejar sobre o traste. Como ela não falou nada, considerei como um consentimento e comecei a ofender o tal usando todas as letras do alfabeto (confesso que ainda faço isso). Enquanto eu pensava em algum insulto com W, sou interrompido mais uma vez:
"Recarregue aqui seu celular vivo pré pago"

Nessa hora eu já queria muito ouvir uma outra voz vinda de cima de mim avisando que os metrôs estavam parados devido a um usuário anorexico e de cabelos cacheados na via.
Depois disso pensei em quanto uma jukebox seria uma maquina muito mais compreensiva e sentimental. Sempre com um cd do Fabio Junior,Roberto Carlos ou Odair José pra me oferecer alivio neste momento tão desolador. Mas como tudo o que eu tinha naquele momento era ela, continuei sem me preocupar se estava agradando ou não, afinal eu estava com um problema e ela tinha que entender. Minhas lamentações seguiram-se, quando então, ele finalmente chega. Me despeço da nova amiga e ela me responde:
"Recarregue aqui seu celular vivo pré pago"

Dou as costas eu vou andando com ele, tentando não demonstrar toda a minha insatisfação com o atraso, usando todo o meu poder de abstração aprendido durante anos de convívio com as crises nervosas da minha mãe, acusações injustas das quais jamais consegui comprovar minha inocência, com todo leque de má sorte envolvendo professoras, acusações, gritos, convocações a diretoria, e essas coisas que fazem nossa vida acadêmica tão marcante.
Fomos então para o lugar combinado. Eu, lutando para achar motivos que me fizessem discordar de todos os seres humanos que em coro me diziam que ele era um completo idiota, mas um tempo depois percebo que achar isso foi até mais ingenuidade que acreditar que nossa seleção seria campeã esse ano. Eis que me vi vencido pelos fatos. Os que diziam que ele era um idiota, provavelmente estavam usando de eufemismos para ilustrar aquele ser que me fazia sentir uma cortante saudade da minha nova amiga, que provavelmente após saber de tudo o que tinha acontecido lá, viria com a tão confortante frase:
"Recarregue aqui seu celular vivo pré pago".

Friday, May 12, 2006

Calçadas Globalizadas

Vivemos em um mundo globalizado e, graças a isso, podemos conviver com culturas dos mais diversos países ao dar uma simples caminhada pelas calçadas da Avenida Paulista ou do centro de São Paulo. Assim, você pode se sentir na Ásia e, após alguns passos, já estar em contato com a atmosfera do nordeste brasileiro. Tudo isso graças às maravilhosas barraquinhas de comidas típicas.

Com vasta gama de opções alimentícias, capazes de agradar pessoas com gostos dos mais diversos - desde que elas estejam apenas interessadas em saciar sua fome e esqueçam essa neurose de comida saudável, higiene, ou qualquer coisa que não inclua coliformes fecais e outras coisinhas nojentas menos populares.

Nessa torre de babel que são as calçadas paulistas, podemos começar pela imperialista, imponente e dominadora cultura norte-americana, representada pelo velho e bom hambúrguer, que, no Brasil, recebe o acréscimo de vários outros ingredientes, entre eles a tão famosa salmonela. Passos a frente, na mesma calçada, você já se depara com a milenar e tão consumida culinária chinesa, com o yaksoba, que muitas vezes é vendido por um chinês de origem paraguaia criado na Bolívia. Continuamos a caminhada e lembramos que estamos no Brasil, graças às simpáticas baianas que vendem acarajé – uma iguaria quase tão antiga quanto o óleo usado para fritá-la, e ótima pedida se você sofre de intestino preso ou precisa de um motivo que te gere um atestado pra poder faltar três dias no serviço. Alguns metros adiante e você ja pode se sentir na Europa, ao avistar aquele grande pedaço de carne que não para de girar com um monte de moscas em volta, o tão famoso churrasco grego, que ainda te dá de brinde um maravilhoso ki suco: condecoração a você, guerreiro destemido, por ter se aventurado a colocar essa maravilha culinária na boca.

Apesar das calçadas paulistas serem pontos comerciais altamente rentáveis, o mercado está muito competitivo e saturado e, se os comerciantes responsáveis por todas essas comidas requentadissimas não ousarem, provavelmente perderão seu espaço. Já tá na hora de inovação; são sempre os mesmo pratos que são vendidos e os consumidores perdem a chance de prestigiar a culinária de diversos outros paises, como a da Alemanha. Tenho certeza que, se alguém começar a vender chucrute ou salsichão em uma barraquinha, será muito bem sucedido. Ninguém se lembra, também, da França; e não dá pra entender o porquê de nenhum empreendedor ainda não ter se disponibilizado a vender escargot; a calçada clama por luxo e sofisticação!! Tá que a China já tem seu representante, mas pra que se contentar com apenas uma opção, quando podemos ter muito mais e com pouco esforço e investimento; afinal, se alguém quiser vender carne de cachorro, contará com matéria prima muito abundante.

Depois dessa viagem gastronômica, embalada (em caso de pouca sorte) por flautas peruanas que ainda choram o naufrágio do Titanic,você está alimentado também culturalmente, afinal, aqui é possível dar uma volta ao mundo andando apenas 30 metros! Onde está a equipe do Guiness?

Thursday, April 13, 2006

Uma vida social ao alcance de seus dedos

Após o fracasso do ultimo post, decidimos recorrer a um tipo de literatura com forte apelo popular: a auto-ajuda; e, inspirados pelos sapientíssimos livros de Zibia Gasparetto, orientaremos, aconselharemos e ajudaremos você, pessoa que sofre com a crueldade do acaso, infortúnios inevitáveis, carmas e encostos; dando um rumo diferente a essa sua tão pouco excitante, notável e necessária vida.

Em Primeiro lugar, alegre-se por ter sido durante anos excluído, ignorado e rejeitado por todos (em especial por aqueles que você desejava que fizessem o oposto); isso salvou sua triste imagem da superexposição; o que te dá chances para ser um novo ser, sem a possibilidade de alguém te chantagear com fotos ou histórias do seu passado, ao passo que só você e seu grupo de amigos imaginários conhecem, mas eles jamais cometeriam um ato de tamanha crueldade – talvez por medo de terem suas imagens associadas a você.

Esqueça quem você foi, afinal, aposto que você não tem tão boas lembranças assim, portanto, tire de seu vocabulário a palavra nostalgia e em hipótese alguma faça sessões de regressão. Agora, o que passou não importa mais e, pela primeira vez, você tem a chance de ter um futuro social promissor (não!!, aquela vez que te chamaram pra sentar na mesma mesa na hora do intervalo não conta)

Feito isso, ignore aquela máxima berrada pela grande pensadora baiana, de que "o importante é ser você, mesmo que seja bizarro".Você já tentou isso antes e só te rendeu figurinos exclusivos (pois ninguém teria coragem de usar tamanha aberração), apelidos infames, piadas das mais diversas e, se não fossem as maravilhas do sexo pago, você seria virgem até hoje.

A chave do sucesso está em imitar alguém que deu certo (risque imediatamente da sua lista nomes como Woody Allen, Bill Gates e Latino). Adquira bom senso e utilize nessa hora, afinal, seus méritos dependerão da sua escolha e do cuidado ao se reinventar. Pode ser difícil, mas, dependendo da matriz, talvez seja necessário que você crie uma personalidade (explicaremos o que é isso melhor em outro um outro texto), emprestando peculiaridades suas a si mesmo; evitando, assim, se tornar uma caricatura mal feita da pessoa copiada - o que seria quase tão trágico quanto ser você mesmo. Também é interessante fazer um mixer de duas ou mais pessoas assim, fica uma cópia muito mais sutil (os irmãos Gallagher deviam ter lido isso antes de montar a banda) e os mais desavisados podem até pensar que você é autêntico.

É possível que em algum momento você sinta um peso na sua consciência por estar se inspirando em alguém, mas, caso isso aconteça, é só lembrar que sua matriz também se baseou em outra pessoa, que por sua vez deve ter tido sua matriz, e assim por diante. As coisas são assim; e você não vai escolher copiar o Che Guevara para tentar mudar esse mundo onde nada se cria.

Pronto. Após beber de toda a sabedoria jorrada por essas linhas, você acaba de dar início ao mais eficaz doutrinamento visando uma nova vida, cheia de convites, aventuras e, quem sabe, até com a possibilidade de ter uma festa de aniversário composta por pessoas que não sejam seus parentes de primeiro grau.

PS: Prometemos economizar citações no próximo post.