Friday, May 12, 2006

Calçadas Globalizadas

Vivemos em um mundo globalizado e, graças a isso, podemos conviver com culturas dos mais diversos países ao dar uma simples caminhada pelas calçadas da Avenida Paulista ou do centro de São Paulo. Assim, você pode se sentir na Ásia e, após alguns passos, já estar em contato com a atmosfera do nordeste brasileiro. Tudo isso graças às maravilhosas barraquinhas de comidas típicas.

Com vasta gama de opções alimentícias, capazes de agradar pessoas com gostos dos mais diversos - desde que elas estejam apenas interessadas em saciar sua fome e esqueçam essa neurose de comida saudável, higiene, ou qualquer coisa que não inclua coliformes fecais e outras coisinhas nojentas menos populares.

Nessa torre de babel que são as calçadas paulistas, podemos começar pela imperialista, imponente e dominadora cultura norte-americana, representada pelo velho e bom hambúrguer, que, no Brasil, recebe o acréscimo de vários outros ingredientes, entre eles a tão famosa salmonela. Passos a frente, na mesma calçada, você já se depara com a milenar e tão consumida culinária chinesa, com o yaksoba, que muitas vezes é vendido por um chinês de origem paraguaia criado na Bolívia. Continuamos a caminhada e lembramos que estamos no Brasil, graças às simpáticas baianas que vendem acarajé – uma iguaria quase tão antiga quanto o óleo usado para fritá-la, e ótima pedida se você sofre de intestino preso ou precisa de um motivo que te gere um atestado pra poder faltar três dias no serviço. Alguns metros adiante e você ja pode se sentir na Europa, ao avistar aquele grande pedaço de carne que não para de girar com um monte de moscas em volta, o tão famoso churrasco grego, que ainda te dá de brinde um maravilhoso ki suco: condecoração a você, guerreiro destemido, por ter se aventurado a colocar essa maravilha culinária na boca.

Apesar das calçadas paulistas serem pontos comerciais altamente rentáveis, o mercado está muito competitivo e saturado e, se os comerciantes responsáveis por todas essas comidas requentadissimas não ousarem, provavelmente perderão seu espaço. Já tá na hora de inovação; são sempre os mesmo pratos que são vendidos e os consumidores perdem a chance de prestigiar a culinária de diversos outros paises, como a da Alemanha. Tenho certeza que, se alguém começar a vender chucrute ou salsichão em uma barraquinha, será muito bem sucedido. Ninguém se lembra, também, da França; e não dá pra entender o porquê de nenhum empreendedor ainda não ter se disponibilizado a vender escargot; a calçada clama por luxo e sofisticação!! Tá que a China já tem seu representante, mas pra que se contentar com apenas uma opção, quando podemos ter muito mais e com pouco esforço e investimento; afinal, se alguém quiser vender carne de cachorro, contará com matéria prima muito abundante.

Depois dessa viagem gastronômica, embalada (em caso de pouca sorte) por flautas peruanas que ainda choram o naufrágio do Titanic,você está alimentado também culturalmente, afinal, aqui é possível dar uma volta ao mundo andando apenas 30 metros! Onde está a equipe do Guiness?